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Você sabe o que o Zé Pelintra faz na vida das pessoas? Ele é uma falange de entidades de luz originária da crença sincrética denominada Catimbó, surgida na Região Nordeste do Brasil. O Zé Pelintra também é comumente “incorporado” em terreiros de Umbanda, tendo seu culto difundido em todo o Brasil. Nessa religião, é considerado parte da linha de trabalho dos malandros.
Invocado quando seus seguidores precisam de ajuda com questões domésticas, de negócios ou financeiras, é reputado como um obreiro da caridade e da feitura de obras boas. No catimbó, é considerado um “mestre juremeiro”.
Zé Pelintra na Umbanda
Já na Umbanda, Zé Pelintra é um guia pertencente à linha do Povo da Malandragem. Por vezes, incorpora em giras de exus ou em giras de pretos-velhos, embora não seja de nenhuma dessas duas linhas de trabalho.
Majoritariamente, os seguidores de Zé Pelintra concentram-se nos ambientes urbanos de Rio de Janeiro e São Paulo, mas eles também podem ser encontrados no Nordeste do Brasil, entre os “catimbozeiros”, e nas áreas rurais de praticamente todo o país.
Zé Pelintra, tanto na Umbanda, como no Catimbó, é tido como protetor das classes menos favorecidas em geral, tendo ganhado o apelido de “Advogado dos Pobres”, pela patronagem espiritual e material que exerce. É comum achá-lo em festas e exposições, sempre rindo.
As pessoas têm muito preconceito com a figura do malandro. Mas o malando não necessariamente é ruim. Zé Pelintra não é ruim! A figura do malandro é vista como aquele homem safado, bandido, sem-vergonha, interesseiro. Mas o malandro nem sempre é isso.
Infelizmente, as pessoas não costumam pensar sozinhas. Seguem os padrões e as crenças das outras pessoas.
Padrões politicamente corretos
As pessoas costumam seguir a falsa moral do padrão politicamente correto. Mas no fundo, nas suas vidas íntimas, não agem corretamente. La no seu íntimo, você não é politicamente correta.
As pessoas colocam tudo dentro de uma única caixinha. Mas o Malandro é uma coisa, o bandido é outra coisa, o homem safado é outra coisa completamente diferente. O sem-vergonha é outra coisa diferente, que também é diferente do aproveitador. Enfim, cada caso é um caso.
O malandro pode ser a pessoa que mora nas ruas e que usa um pouco da sua malandragem para sobreviver. Ou pode ser uma pessoa que não consegue emprego, o que é muito triste.
Talvez na mente da pessoa a única forma de sobreviver é usar da própria malandragem.
O que falta nas pessoas é deixar o preconceito de lado e enxergar mais o lado da outra pessoa. Encher mais que o outro é humano como você, tem muitos defeitos e qualidades como você tem. As pessoas costumam apontar muito o dedo para outras pessoas e se esquecem que elas mesmas possuem defeito.
Eu, particularmente, não tenho nada contra a figura do malando. Eu não gosto de preconceito. O preconceito é uma coisa que realmente me incomoda no mundo.
Os preconceitos são negativos
O preconceito realmente me estressa muito. Eu tenho que tomar o máximo de cuidado para que isso não vire uma armadilha contra mim, porque eu posso ir contra alguém que está certo ou contra alguma situação mais viável, só porque estou enxergando o preconceito nos comportamentos ou palavras da pessoa ou na situação.
Qualquer pessoa que sofre algum tipo de preconceito, sofrerá estresse emocional. Essa pessoa pode até demonstrar que está ficou numa boa, que não está com raiva. Mas dentro do seu coração o estresse emocional já se instalou, podendo resultar em vários traumas e várias doenças.
O Zé Carioca é uma homenagem ao Zé Pelintra
O Walt Disney, em muitas das suas vindas ao Brasil, foi a um terreiro e acabou conhecendo a figura do malando. Conheceu o exu Zé Pelintra. E se encantou, e então Walt Disney criou o personagem Zé Carioca em homenagem ao Zé Pelintra.
Além do nome com total ligação às nomenclaturas dos Malandros, Zé Carioca aparece com seu gingado malandro, representando o andar do Pelintra, além de todo seu modo de agir, falar e se vestir. Não podemos também esquecer o fato de que o papagaio é um animal de Exú, ou seja, todo o conceito do personagem foi inspirado provavelmente em algum terreiro.
Nossa. Quantas pessoas brasileiras reclamaram, resmungaram, acharam um absurdo, se sentiram ofendidas com essa homenagem. Disseram que os brasileiros são vistos fora do Brasil como pessoas que não gostam de trabalhar. E se tratava apenas de uma homenagem para uma entidade que ele conheceu aqui no Brasil.
Falta de verdade, as pessoas deixarem de lado o preconceito, as maldades criadas na própria mente e os julgamentos maldosos. Não necessariamente o malandro seja alguém que não trabalhe. O malandro pode ser alguém que não trabalhe, pode ser alguém que trabalhe, e que talvez, trabalhe muito por sinal.
O malandro inclusive pode ter um alto cargo dentro de uma empresa. Tudo nessa vida é um mistério.
Zé Pelintra
Zé Pilintra ou Zé Pelintra (como é conhecido em alguns lugares) faz parte da Linhas dos Malandros e possui uma grande importância para a representação daqueles que se encontraram durante as suas vidas marginalizados pela sociedade. Pois prova através de sua ação como Guia Espiritual que o falso conceito de malandro nada mais é do que um estereótipo criado por aqueles que não possuem a visão dos verdadeiros desafios no caminho dos humildes.
Mas a figura realmente do malando é aquele ser humano pobre, sofrido, pode ser negro, que usa de uma malandragem para conseguir algo que não tem. Pode ser até mesmo conseguir comida para comer, pode ser alguém que passe fome.
Para compreender melhor esse espírito solidário, devemos entender o conceito do que é marginal, e do que é estar à margem da sociedade. Zé Pelintra como um Malandro da Umbanda, é alguém que teve condições de vida sofrida e que foi negligenciado como ser humano – cenário do qual encontramos diversas pessoas em nosso país – mas que não guardou rancor em seu peito ao desencarnar.
O Zé Pelintra é um batalhador
A pessoa que é pobre sofre e muito. Sofre as vezes por não conseguir ir além, ultrapassar seus limites, estudar, se formar, se tornar um Doutor e uma pessoa respeitada como os doutores são. Você já pensou nisso?
Sempre existiu e sempre irá existir os dois lados da moeda. Pense nisso.
Já pensou que alguém pode não conseguir trabalhar porque alguma “sombra” interna que ela possui a impede? Já pensou que alguém pode não conseguir trabalhar porque algum trauma que ela possui a impede? Já pensou que possa existir qualquer coisa externa ou mesmo interna que impossibilite a pessoa de trabalhar ou de alcançar um alto cargo?
Mas você precisa considerar que você cuida da sua própria vida e o seu próximo cuida da vida dele. Eu já vi pessoas terem preconceito com outra somente porque essa outra pessoa usava boné.
Um verdadeiro absurdo.
Nunca podemos julgar nada e nem ninguém.
Você precisa considerar que como você possui vários problemas e deseja que os outros te entenda, o seu próximo também deseja isso.
Você possui suas falhas, o outro também, possui enormes defeitos, o outro também. Não julgue aquilo que você não conhece com propriedade, não julgue aquilo que você desconhece.